Por que a Scooto só contrata mulheres?

Não são raras as vezes que me fazem essa pergunta. Por que, afinal, a Scooto só contrata mulheres?  Por mais incrível que isso possa parecer, não foi algo planejado inicialmente. Quando olhei para o lado, me dei conta que éramos só mulheres (com exceção do Diego, o sócio e nossa Scooteira 0). Mas é claro que, de maneira inconsciente, foram as minhas dores que fizeram isso acontecer. Posso dizer que algumas questões pessoais me fizeram tomar essa decisão de construir uma empresa só de mulheres.

A primeira é que mulheres são canibalizadas pelo mercado de trabalho. Elas não chegam a cargos altos dentro de uma empresa por fatores relacionados, sim, ao gênero. Além dos homens estarem em 62,6% destes cargos, mulheres recebem até 38,1% menos quando ocupam a mesma função.

Além disso, cinco, entre dez mulheres, são demitidas de seus empregos após a licença maternidade, ou seja, no momento que a família mais precisa de renda. E, bem, quando a gente coloca cor da pele nessa equação, a questão fica ainda mais complexa.

Existem mulheres com excelente formação que são desprezadas pelo mercado e o principal motivo disso acontecer chama-se: medo da improdutividade pós-maternidade.

Diante disso, existe também, entre muitas mulheres, a sensação de não caber nos moldes desenhados por esse mesmo mercado que exige longas jornadas e dificulta a adoção do trabalho remoto.

O que a gente conseguiu, aqui na Scooto, foi colocar essas mulheres de volta ao jogo com condições dignas de verdade. Oferecemos uma remuneração acima da média para as funções de vendas, atendimento e suporte, somada à possibilidade de trabalhar de maneira remota e flexível.

O impacto social que isso gera é enorme, porque, agora, o sustento da casa está entrando por meio do trabalho de uma mulher que se via à margem do mercado. Com isso, há um ganho nítido na autoestima e autoconfiança, e, principalmente, a liberdade que o poder de decisão traz.

Eu costumo dizer que a Scooto é uma tese para o mercado, já que mostramos em números os resultados que mulheres e mães alcançam quando respeitadas em seus ambientes e sistema de trabalho. Ninguém vai poder jogar nossos resultados no colo de um homem. A ideia é que o mercado diga: “Olha pra Scooto. A gente precisa flexibilizar o modelo pra não perder esses talentos aqui dentro.” E aí acontece o efeito ripple.

Trabalhamos para que a geração dos nossos filhos cresçam com novas premissas. Que entendam que a segregação feita nas empresas joga contra a própria empresa. Esse é o sonho grande da Scooto.

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