A família do meu marido é muito grande e cresce graças a grande matriarca da família: Vó Justina.

A dor do crescimento

A família do meu marido é muito grande e cresce graças a grande matriarca da família: Vó Justina. Uma das filhas da Vó Justina é a tia Lê, que dentro do grupo de WhatsApp da família mandava “Feliz Aniversário” para todo mundo: filhos, netos e bisnetos da Vó Justina. Tia Lê virou oficialmente a “Tia dos parabéns”, com direito à lista crescente de parentes impressa e grudada na geladeira.

No entanto, mês passado, tia Lê esqueceu de falar parabéns para a neta da tia Kika, o que  gerou discórdia a ponto de tia Kika se recusar a participar do café online da família por 3 dias. A ausência levou o grupo das tias a se reunirem e, após uma conversa franca, identificarem o motivo da chateação”. O que abriu espaço para tia Lê declarar que não estava dando mais conta do recado do parabéns pra todo mundo da família, e  o que iniciou sem compromisso  virou uma obrigação delicada. O grupo reconheceu que por mais que tia Lê tivesse liderado uma operação tão essencial e afetiva para o grupo do Zap da família, seria injusto cobrar tal responsabilidade com o aumento de integrantes da família.

Com isso, o grupo implementou um novo processo dentro dessa operação de modo que o movimento inicial permanecesse, porém, de maneira que diminuísse as possíveis falhas: cada tia seria responsável por iniciar os “parabéns” para os seus filhos e netos.

Essa é uma história real e que ilustra bem um fenômeno da vida: a dor do crescimento. Diante do crescimento de uma família, time ou empresa, aparece a necessidade de rever antigos formatos e processos que, por muito tempo, eram eficientes, mas que, na conjuntura atual, não funcionam mais.

Trazendo para realidade corporativa, a dor do crescimento é uma etapa comum para as empresas que, assim como a Scooto, estão em um processo de crescimento constante. A Scooto cresceu mais de 500% no último ano. 20 Scooteiras em janeiro de 2021 se transformaram em 125, em dezembro. E é claro que seria bem pouco provável que conseguíssemos manter o mesmo “modus operandi”.

 “As dores de crescimento indicam que a empresa cresceu além da infraestrutura suportada e precisa desenvolver sistemas, processos e novas estruturas para suportar o novo tamanho”. É o que aponta o artigo intitulado Dores do Crescimento: framework do estágio de crescimento da sua empresa (saiba mais).

Os setores de RH lidam com desafios próprios diante desse fenômeno. A velocidade de aquisição de talentos requer uma estratégia de recrutamento em grande escala. Isso tudo sem deixar a peteca da qualidade das contratações cair. Além disso, o crescimento acelerado da empresa demanda uma atenção especial no alinhamento da cultura.

A maneira de superar essa fase dolorosa, mas necessária, do crescimento, passa pela consciência e compreensão do estágio da empresa. Trata-se do entendimento real de qual etapa a empresa, de fato, se encontra e, a partir daí, levantar as ações necessárias para garantir que ninguém fique sem parabéns.

Gabriela Ioshimoto, CPO da Scooto

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